Entenda como funciona a Previdência Privada e reduza seu imposto de renda com essa ferramenta

Com a aproximação do final do ano fiscal, o assunto Previdência Privada volta à tona.

Todos os anos, milhares de pessoas deixam de aproveitar essa que é uma das poucas formas de pagar menos IR no Brasil, deixando de usar o benefício fiscal do PGBL.

Acabam pagando mais imposto e vão deixando de investir no futuro, eternamente para o futuro…

O benefício do Imposto de Renda é evidente para que faz  as contribuições anuais da forma correta.

Por outro lado, nunca um produto foi tão mal interpretado no Brasil quanto a Previdência Privada. É comum ser “empurrado” pelo gerente do banco para fechar alguma meta, nos blogs de investimento, o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) são geralmente mal falados ou desaconselhados.

Mas por que isso acontece?

Nestes anos todos, presenciei alguns absurdos de mau uso desta ferramenta, a Previdência Privada é um excelente produto se utilizado da forma correta, mas o comum é acontecer o contrário. Os 2 problemas mais comuns são:

  1. Fundos ruins, com baixa rentabilidade;
  2. Regime de tributação errado;

1. Fundos Ruins: São mais de 2 mil fundos de previdência no Brasil, a maioria concentrada em grandes bancos, que não tem muita preocupação em entregar boas rentabilidades, até porque a grande maioria dos seus clientes só faz as contribuições mensais e não acompanha o que acontece com o dinheiro investido lá.

São bilhões aplicados nestes fundos, geralmente com altas taxas de administração, carregamento de entrada e seguro “embutido”, gerando outros bilhões de lucro para os bancos.

Já ouviu falar em fundo espelho?

Segundo a Anbima:

Espelho: Fundos que têm por objetivo investir em um único fundo gerido por instituição terceira. Ou seja, muitos bancos usam o mesmo fundo, exatamente o mesmo fundo, com nomes diferentes, cobrando taxas de administração mais altas de quem tem menos para investir, veja o exemplo abaixo:

Comparativo Fundos Espelho

Essa linha de fundos RT Fix da Brasil Prev, são todos o mesmo fundo, o que os diferencia:

  • Fix  II 1,5% de taxa de administração.
  • Fix V  2% de taxa de administração.
  • Fix IV 2,5% de taxa de administração.
  • Fix III 3% de taxa de administração.

Cobrar até 3% de taxa de administração para um fundo de renda fixa é um verdadeiro absurdo, que acaba afetando rentabilidade desta linha: nos últimos 5 anos ficou entre 70% e 80% do CDI, ou seja rendendo em torno de 10% ao ano.

Os grandes bancos concentram o maior volume de dinheiro nos piores fundos do mercado.

Hoje se consegue bons fundos de previdência de renda fixa, com rentabilidade de 13, 14 e até 15% ao ano. No final de de 10, 20 30 anos, essa diferença de rentabilidade pode triplicar o valor.

2. Regime de tributação errado:

Por incrível que pareça, muita gente está com o regime tributário errado: está em VGBL quando deveria estar em PGBL ou está em PGBL quando deveria estar em VGBL, ou seja, a falta de uma boa orientação profissional pode fazer um verdadeiro estrago no resultado final.

PGBL: Para quem recebe salários, honorários, pagamentos diversos na Pessoa Física (PF), paga ou tem o Imposto de Renda descontado na fonte.

VGBL: Para quem é sócio de Pessoa Jurídica e recebe como lucros e dividendos de sócio, o IR já foi pago pela PJ e, pelo menos por enquanto, a pessoa física não é tributada novamente.

Então, como fazer:

Para quem tem renda de Pessoa Física (PGBL):

Veja  a tabela abaixo:

Tabela PGBL Previdência Privada

 

 

 

Neste exemplo, o Sr. Fulano tem uma Renda Bruta de Pessoa Física de R$100 mil no ano, pela regra, ele pode contribuir até 12% da renda bruta anual (antes dos descontos), R$12 mil, neste caso.

Aí que o PGBL atua, pois consegue baixar a base tributária!!!

Para fins de IR, o Sr. Fulano deixou de ganhar R$100 mil e agora ganha R$88 mil. Esses R$12 mil contribuídos para o PGBL impactam diretamente no IR à pagar, ele deixa de pagar IR sobre esse valor, gerando uma redução de R$3.300,00 no IR devido.

Usando a tabela regressiva, após 10 anos, quando for resgatar, pagará somente 10% de IR sobre o valor investido.

Moral da História:

Deixou de pagar 27,5% hoje, teve a oportunidade de investir, ganhar bons rendimentos (se aplicar em um bom fundo), e conseguiu baixar o alíquota de IR para 10%.

O Impacto da redução do IR ao longo dos anos:

Se o Sr Fulano investisse os R$3300,00 que deixou de pagar de IR, a uma taxa básica de 8% ao ano, teria  acresceria ao orçamento:

Em 10 anos: R$47.805,65

Em 20 anos: R$151.014,48

Em 30 anos: R$373.834,59

De um dinheiro que estava “perdido”, imposto que iria direto pro governo e que entrou a mais no orçamento.

Para quem tem renda de Pessoa Jurídica (VGBL):

O VGBL, pode ser o mesmo fundo do PGBL, só difere o tratamento tributário: paga-se IR sobre o lucro do fundo, parecido com um fundo de investimento tradicional, mas tem 2 vantagens:

  1. Não tem come-cotas: o come-cotas é um artifício utilizado pelo governo pra “pegar” o imposto dos fundos de investimento com o dinheiro ainda no fundo. Na prática, no último dia útil de maio e novembro o valor devido de IR é sacado em forma de cotas. No longo prazo esse saque do IR antecipado dá uma boa diferença no resultado final.
  2. 10% de IR na tabela regressiva: nos fundos o mínimo de IR sobre o lucro, após 2 anos é 15%, no VGBL, tabela regressiva, após 10 anos, o valor cai para 10% de IR sobre o lucro.

Tabela Progressiva:

Em alguns casos, pode ser interessante, a tabela progressiva tributa o valor, diferente da regressiva que tributa o tempo. O IR á pagar, tanto no PGBL quanto no VGBL é sempre 27,5% para valores resgatados acima de R$4665,00.

O resgate entra como uma renda, desconta 15% na fonte e o Sr. Sicrano precisa acertar na declaração de IR. Mas, se o Sr. Sicrano não tiver mais nenhuma renda de Pessoa Física naquele ano, pode até não pagar nada e ter restituição dos 15% já pagos na fonte.

Resumindo…

Neste post, o objetivo é iniciar o que considero um fascinante assunto, a Previdência Privada, aos poucos, vamos avançando nos detalhes. É uma ferramenta com grandes recursos.

Temos uma grande carência de investimento em Previdência Privada no Brasil em relação a outros países. Depender só do INSS ou de fundos de Pensão de Servidores Públicos já tem se mostrado uma má opção. Cada um precisa fazer por si mesmo, e meu objetivo aqui é esclarecer as dúvidas e ajuda-lo a escolher melhor o que fazer.